quinta-feira, 1 de abril de 2010

Falta de respeito cansa!



Idoso, senhor, experiente, "de idade". Existem várias maneiras de nos referirmos à esses moldes que temos, modelos a serem seguidos, e que não recebem o valor que têm. Se pararmos para conversar com essas pessoas, digamos, mais maduras, veremos o quanto temos a aprender com elas, e o quanto foi difícil para elas chegar onde estão hoje. A sociedade deve, no mínimo, ter respeito para com esses cidadãos que construíram o que vivemos hoje, com muito esforço. Infelizmente, não é isso o que acontece.
Meu nome é Laura e acabo de completar 76 anos, mas com corpinho de 50. Semana passada, precisei ir ao shopping pagar umas contas e tomei o ônibus no ponto perto de casa. Passei meu cartão, girei a roleta e me segurei, pois não havia lugares vagos. Muitos no meu lugar ficariam indignados por serem idosos e não poderem sentar, mas eu na verdade não liguei muito, pois parecia que a cada dia me sentia mais jovem e forte, caminhava na praia todo dia pela manhã e ainda tinha pique para arrumar a casa à tarde.
Em um banco, uma mãe conversava animadamente com a amiga ao telefone, enquanto seu filho adolescente fitava o banco da frente emburrado. Ao me ver ali de pé, a mãe mudou completamente a fisionomia, cutucou o filho "disfarçadamente" para que me cedesse o lugar, falou com ele e tentou o convencer, mas ela mesma sequer moveu-se para que eu me sentasse.
Tentei ignorar mãe e filho na disputa de quem seria educado com os "velhinhos", como eles mesmos disseram, mas quando me dei conta já estavam quase todos os passageiros discutindo e brigando com o garoto, dizendo que "respeito aos mais velhos é fundamental".
Eu não sentia necessidade de me sentar, mas aquela falta de princípios coletiva estava me deixando nervosa e cansada. Todos pareciam saber muito bem o certo (levantar e me ceder o lugar), mas ninguém parecia disposto a isso, cada um empurrava a responsabilidade para o outro, incapazes de fazer a sua parte para melhorar um pouco a sociedade atual, pois como dizem as pessoas da minha idade, "de grão em grão a galinha enche o bico".
Cansei disso, da falta de respeito pelos mais velhos, e dos termos usados para se referir a mim naquela discussão estavam me fazendo mal. Estiquei o braço e fiz sinal para parar. Desci do ônibus e continuei andando o que faltava para chegar ao meu destino, enquanto as vozes estridentes da discussão iam ficando para trás, e eu sentia olhares me fuzilando pelas costas. é, me cansei!

Um comentário:

Larissa Nalon disse...

Muito lindo esse texto *-*